domingo, 1 de outubro de 2017

Vale tudo de 1984 - Jiu Jitsu vs Martial Arts

Fala galera que tem Fome de MMA, depois de muito tempo sem postar eu voltei e hoje vou escrever sobre um dos eventos mais importantes do vale tudo brasileiro dos anos 80, o famoso desafio de 1984, entre os guerreiros do jiu jitsu e os lutadores de muay thai que mais tarde se tornariam representantes da luta livre.


O início 

Nos anos 80, o jiu jitsu vivia um de seus melhores momentos. As equipes de Carlson Gracie e da Gracie Humaitá eram rivais nos campeonatos que estavam ficando cada vez mais populares, Rolls Gracie se destacava como o número 1 da família não só no jiu jitsu como também em outras lutas, e Rickson dava seus primeiros passos para se tornar um fenômeno após a vitória sobre o Rei Zulu. Até então o jiu não tinha nenhum rival que batesse de frente com seus campeões, mas isso iria mudar...
No carnaval de 1982, Charles Gracie, irmão de Renzo, brigou com Mário Dumar, lutador de muay thai e cunhado de Flávio Molina. Na briga o Gracie colocou Mário pra dormir, mas a intriga estava longe de acabar. Pouco tempo depois Mário estava na calcada de sua casa conversando com seu primo Royce quando levou um soco de Mário e foi à nocaute. Naquela noite Charles ligou para Rolls e um grupo entre 20 e 30 lutadores invadiram a academia Naja, de Flávio Molina.


A invasão da Academia Naja

No momento da invasão Molina dava aula para crianças, e haviam apenas cinco adultos na academia. Rolls disse a Flávio o que tinha acontecido e falou que ia arrebentar o Mário. Após os pais dos alunos saírem, a porrada começou.
Rolls rapidamente derrubou e pegou as costas de Mário, que enfiou os dedos nos olhos do Gracie. Depois vários alunos agrediram Mário e tentaram jogá-lo pela janela da academia, que ficava no terceiro andar. Enquanto isso, Flávio Molina jogava pesos anilha nos agressores. Nesse momento uma viatura da PM apareceu pela rua e isso fez com que os lutadores fugissem. Depois disso Molina e os outros perseguiram um gordinho do jiu jitsu que ficou para trás e deram uma surra nele.

                                         Foto: Acervo Pessoal

O desafio

Anos depois da invasão, Molina e seus alunos ainda estavam amargurados com o que havia acontecido e lançaram um desafio à comunidade do jiu jitsu. A família Gracie preferiu mandar apenas alunos para os combates e após alguns mal entendimentos as lutas casadas foram: Eugênio Tadeu(muay thai) x Renan Pitanguy(jiu jitsu), Marco Ruas(muay thai) x Fernando Pinduka(jiu jitsu) e Flávio Molina(muay thai) x Marcelo Behring(jiu jitsu).

Tadeu x Pitanguy

Muitos representantes do jiu jitsu como Silvio Behring, irmão de Marcelo, questionavam a participação de Renan Pitanguy, porque o mesmo não tinha experiência em brigas de rua, embora fosse muito bom lutando com kimono. Ao mesmo tempo ninguém sabia quem era o Eugênio, que tinha apenas 19 anos e era visto como azarão. Renan entrou de kimono para lutar e o Eugênio simplesmente acabou com ele. O aluno de Molina se movimentava bastante impedindo as entradas de queda de Pitangui, e quando parava de se mexer agarrava o kimono do adversário e mandava fortes socos e joelhadas no rosto e na cabeça do jiu jiteiro. Após vários minutos levando socos, Renan ainda tirou o kimono, mas não adiantou, foi derrotado por nocaute técnico.
                                         Foto: Ricardo Azoury
                                      

Ruas x Pinduka

O pinduka era um faixa preta do Carlson Gracie muito conhecido por ser grande, forte e um brigador de rua. Seu nome foi inquestionável na seleção feita pelo jiu e todos acreditavam que ele venceria seu oponente. Do outro lado, Marco Ruas era ajudado por algumas pessoas que não gostavam da família Gracie, mas no dia do confronto quase ninguém que o ajudou quis ir para seu córner. Diferentemente dos seus companheiros, Ruas conhecia lutas de solo e era muito bom em pé, e por causa disso quando a luta começou ele acertou bons golpes no rosto de pinduka mas foi derrubado em todos os rounds. Quando chegava no solo, pinduka não conseguia finalizar o combate, depois de um tempo o estresse foi tão grande que pinduka mordeu o pulso de Marco, que enfiou os dedos nos olhos do adversário como resposta. O árbitro, Hélio Vígio chamou ignorou as mordidas e reclamou com Ruas. Marco disse que a partir desse momento todos ao redor do ringue, inclusive o próprio árbitro começaram a dar instruções à pinduka. Apesar de tudo isso, a luta acabou empatada.

                                          Foto: Acervo Pessoal

Molina x Behring

Flávio Molina se machucou antes da luta. Rompeu o ligamento cruzado do joelho e teve comprometimento de menisco. Seu médico disse para ele não lutar, mas mesmo assim ele subiu no ringue para encarar um dos alunos mais perigosos de Rickson Gracie. No início da luta Molina se esquivou das tentativas de queda de Marcelo e acertou alguns chutes baixos, mas logo o jiu jiteiro encurtou a distância e conseguiu o clinch. Molina se agarrava nas cordas e o árbitro Hélio Vígio arrancou as mãos dele das cordas, o que ajudou Marcelo Behring a colocar a luta no chão. Marcelo montou rapidamente e começou a bater com muita força em Molina, que não sabia como se defender. Os córners de Molina jogaram a toalha mas Hélio pegou a toalha, enxugou o suor do rosto e a jgou de volta pra fora do ringue. Segundo Eugênio Tadeu a intenção era machucar o máximo o rosto do Molina para que ele não pudesse trabalhar, pois ele era modelo na época. Foi preciso que Marcelo Mendes, que estava no córner de Molina invadisse o ringue e parasse a luta. Após isso um tumulto aconteceu e o primeiro confronto entre jiu jitsu x muay thai/luta livre havia acabado, mas a rivalidade entre as modalidades estava apenas começando...


 


Fontes: Portal do Vale Tudo, YouTube.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Como se manter no topo com a idade?

Fala galera que tem Fome de MMA, na minha última postagem eu falei sobre como a idade afeta os lutadores. A postagem de hoje vai ser sobre como lidar com isso e se manter no topo, até porque caras como Dan Henderson e Randy Couture já provaram que isso é possível.

Treinar com inteligência

No início dos anos 2000, se acreditava que a chave para o sucesso era sair na porrada durante os treinos. A chute boxe era famosa pelas suas violentas sessões de sparring, que muitas vezes eram mais violentas que as próprias lutas. Treinar assim não é nem um pouco saudável para o atleta e só irá causar lesões, que foi o que aconteceu com os principais representantes da academia. Se você treina com inteligência, sem machucar seriamente o seu corpo e dando prioridade a técnica você terá uma carreira mais longa e uma vida mais saudável.

Hábitos saudáveis

O tempo em que se treinava pouco e lutava praticamente nas condições em que se encontrava já passou. As últimas mudanças de título no UFC mostram que tudo faz diferença quando se está no nível mais alto. Então se o desejo de um atleta é envelhecer lutando bem é preciso que se tenha bons hábitos. Dormir bem, não sair muito da dieta e não consumir drogas em excesso vai fazer a diferença com o passar dos anos.

Se reinventar 

A prior coisa que pode acontecer na carreira de um lutador é ele estagnar. Os maiores de todos os tempos são pessoas que não se contentaram em ser bons em uma ou outra arte, e sim em várias. O Anderson Silva, apesar de ser um striker, treinou bastante sua guarda para evitar ser finalizado e não se ferir com ground and pound. Além disso ele competiu profissionalmente no muay thai e no boxe, o que fez com que ele se tornasse num trocador completo. Por isso ele é o melhor de todos os tempos.

Não brigue, lute

O propósito da luta é atingir e não ser atingido. Um lutador como o Diego Sanchez é muito divertido de se assistir e com certeza ele é o responsável por muitas vendas de pay per view, mas o seu estilo de luta tem como principal vítima ele mesmo. Se não faz sentido destruir seu corpo no treino, na luta também não faz sentido. Procure atingir e não ser atingido, assim quando chegar aos seus 40 lutará melhor que muitos.

Genética

Genética é com certeza o fator mais importante. Quando você vê um atleta como o Dan Henderson, que levou vários kcnockdowns ao longo de sua carreira pendurar as luvas aos 46 anos lutando bem, é sem dúvida algo impressionante. A verdade é que o Dan foi abençoado com mãos pesadíssimas e um queixo de aço, e isso não se pode treinar, você já nasce com isso.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Idade no MMA

Fala Galera que tem Fome de MMA, na primeira postagem de 2017, venho falar de um assunto muito interessante e que poucas pessoas se perguntam: como a idade afeta um atleta de MMA?
Recentemente vi muitos comentários idiotas a respeito das performances de BJ Penn, Tito Ortiz e Chael Sonnen, e por isso resolvi listar alguns dos motivos pelos quais os lutadores geralmente ficam mais fáceis de derrotar com a idade.

Queixo

Uma das primeiras coisas que acontecem com os atletas é que seus queixos ficam muito mais fracos, principalmente se eles têm um estilo de luta que faz com que eles apanhem muito ao longo dos anos. O primeiro exemplo que me vêm à cabeça quando penso nisso é o Wanderlei Silva. No seu auge ele possuía uma recuperação incrível, tanto é que ele levou vários knockdowns nas suas lutas no Pride mas conseguiu sair vencedor da maioria delas, já no UFC, ele manteve seu estilo agressivo e como seu queixo já não era o mesmo, foi nocauteado várias vezes.


Velocidade

Um dos principais fatores para a queda na carreira de muitos atletas é a perda de velocidade natural após os 35 anos. Lutadores como Vitor Belfort e Anderson Silva, que sempre dependeram muito da velocidade de suas mãos e pés, respectivamente, hoje passam por dificuldades maiores em suas lutas pois não só estão mais lentos, como também enfrentam adversários mais jovens.

                                      Photo by: Getty Images

Força

Com a diminuição natural das taxas de testosterona ao longo dos anos, o lutador perde muita massa muscular e consequentemente, força, que é necessária não só para trocar golpes em pé como também para estabilizar posições no solo. Anos atrás muitos lutadores como o Dan Henderson e o Vitor Belfort usavam a Terapia de Reposição de Testosterona para resolver o problema, mas agora é ilegal. Por esse motivo, se compararmos o corpo do Vitor na sua luta contra o Luke Rockhold e sua luta contra o Gegard Mousassi é possível ver a diferença que o TRT fazia em seu corpo.


Lesões

Conforme a idade chega, as lesões passam a ser mais recorrentes e a demorar cada vez mais a sararem. O Rodrigo Minotauro fez diversas cirurgias ao longo de sua carreira, tendo problemas sérios nos joelhos e nos quadris. Mirko cro cop teve lesões no olho e no joelho nas suas lutas contra o Júnior Cigano e contra o Gabriel Napão. As lesões são as maiores inimigas de qualquer atleta.



Condicionamento

É uma coisa lógica, quanto mais velho você fica, mais rápido você vai cansar. Não importa o quanto se treine duro, dificilmente um atleta de 40 anos terá o mesmo condicionamento físico de um de 20. E é possível ver isso no Tito Ortiz, por exemplo. No início da sua carreira ele era conhecido por ter um um gás sem fim, porém na sua decadência se cansava rapidamente, apesar de manter seu regime de treinos.


Respeito

O que me deixa surpreso nos comentários que vejo na internet de "fãs" é o total desrespeito deles por lendas do esporte. Não importa se o BJ Penn hoje está decadente, ele escreveu seu nome na história do esporte vencendo nomes como Matt Hughes, Jens Pulver e Sean Sherk. Não importa se o Tito se aposentou decadente, ele venceu de Evan Tanner, Vitor Belfort e Wanderlei Silva. Esses nomes são imortais, e eles merecem o nosso respeito, pois eles ajudaram bastante a colocar o nosso tão amado esporte no lugar em que está hoje.